quarta-feira, 25 de março de 2009

No Tormento das Coisas


Noite de sexta de chuva:
janelas acesas
salas claras
alguma nostalgia ao
supor famílias e suas
novelas.

Faróis vermelhos sobre
o reflexo ondulante do
asfalto molhado
fogueiras entre caçambas de lixo
num canto de
muro esquecido...

Em cada pingo da chuva
que cria ranhuras contra
qualquer luz
eu sinto que ter corpo é
ter dor
eu enxergo que
ter espírito
(mais espírito que meus irmãos)
é ter olhos que moram no
tormento das coisas.

Um comentário:

Karla Moreno disse...

"Em cada pingo da chuva
que cria ranhuras contra
qualquer luz
eu sinto que ter corpo é
ter dor"

Tudo que nos envolve, nos faz enxergar a vida com mais candura e mais importância. Às vezes, nem é preciso muito, mas algumas pessoas precisam de provas pra ter algo a provar.

beijo doce amigo poeta,
Kakau.