terça-feira, 16 de junho de 2009

O Destino do Balão


As pessoas no ponto de ônibus são
como manequins absortos na espera da
sua condução que nem
notam um balão fazendo ciranda a seus pés.
Como é triste o balão de aniversário laranja
rolando através trânsito absurdo da
Presidente Vargas!

Será que o balão laranja abandonado é
mais triste que a criança que o perdeu?
Ele que viu a alegria de uma festa
que fez parte da beleza dessa festa
agora é o que além de mais um pedaço de lixo?

De quem é o ar que carrega dentro de
si o balão laranja?
E se a pessoa que o encheu estivesse
vis-à-vis com a pessoa amada?
na certa esse balão estaria cheio
de suspiros também...
um relicário de suspiros de amor
dançando pelo chão sem cor
da avenida anoitecida.

Mas logo vai ser tarde e a rua vai
esvaziar dos carros e das pessoas e
nenhuma brisa de movimento vai soprar o
balão laranja e
ele vai ficar parado na sarjeta imunda
(porque no Centro todos os
cantos são imundos)
e vai murchar junto com as horas da madrugada.

O balão laranja vai amanhecer não mais balão
vai amanhecer um pedaço de borracha
(como um cadáver que amanhece exangue)
molhado de sereno a espera de um bueiro ou
de um cesto de lixo que o carregue.

O balão laranja dentro da noite vai saber que
mais felizes são os balões de gás que estouram
entre as estrelas do que ele que
depois da festa se esvaiu aos pouquinhos
entre o concreto e o asfalto frio de junho.

Um comentário:

Dom Quixote disse...

dos ultimos tempos, considero esse o mais delicado e sublime. Adorei, muito! parabéns meu poeta, vc eh "divino maravilhoso"!
amo.amo.amo.