quinta-feira, 9 de julho de 2009

Maria Madalena


Era uma noite de lua e fogo
quando Maria Madalena veio ao meu quarto.
Veio sorrateira, lânguida e silenciosa,
o único som era do seu vestido maltrapilho
roçando pelas paredes cor de areia:
suas vestes de adúltera adulterando meus sentidos,
e deturpando a natureza do meu prazer.
Ela se esparramou sobre mim ardendo em febre,
e eu tinha mil pedras na mão,
mas não pude atirá-las porque vivo em pecado
(e desejava intacto cada centímetro daquele vil corpo marmóreo).
Seu quadril perfeito movia-se em círculos perfeitos sobre o meu
arrancando-me um sorriso diabólico.
Ela sacudia-se toda,
em cada espasmo um orgasmo,
um sussurro do meu nome, um gemido de gozo,
cadenciado nas profanidades blasfemas
que traduzi dos seus profundos respiros.
Ela sorveu-me inteiro,
sucúbo engolindo-me até o último pedaço,
na nossa celebração da madrugada pagã.
Mas na primeira luz da manhã ela desvaneceu
como um espectro turvo e sem descanso,
e descanso eu nunca mais pude ter,
pois atravesso incansável as noites abafadas
na ânsia da palidez daqueles seios diminutos.

Sempre quis apenas Maria,
mas sob os lençóis da minha cama
ela soube ser muito mais Madalena.

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