terça-feira, 7 de outubro de 2008

Percepção de Tempo


Todo dia no monitor são cinco e doze...
Garoa, depois sol,
o vidro do ônibus escorrendo no meu ombro.
E na porta da antiga casa, à beira da avenida anoitecida,
uma velha senhora, dessas que não se fabrica mais a cidade grande.
Seu vestido démodé,
seus olhos vazios vidrados na velocidade de um mundo que não mais lhe pertence.
De mão dada a sua, uma menininha,
sua neta talvez,
mas com olhos diferentes, olhos recentes.
Não é a mesma paisagem para as duas portanto.
E trago comigo um pouco da velha e da menina,
metade antigo, metade contemporâneo,
um só ser vinculado a dois tempos diferentes ao mesmo tempo,
bipartido em dor temporal de não conseguir viver em nenhum.

Um comentário:

Karla Moreno disse...

tbm to me sentindo bem assim ultimamente.

beijos querido! "/