"Como se tudo que eu possuísse tivesse me deixado, e como se nada pudesse ser o bastante caso retornasse..." (Kafka)
domingo, 25 de dezembro de 2011
A Morte de Kavita Kavita (um necrológio)
Ó poesia que me escapa
musa assassinada
serei eu o teu estrangulador?
Meus amigos são todos atinados na vida:
são fisioterapeutas
bancários
professores.
Ganham o pão com honradez.
Mas e tu poeta Kavita Kavita?
Tua labuta é o ócio
é sentir o dia tão absolutamente que
o desintegrar das nuvens lhe é audível
que
o envelhecer das coisas lhe é visível frame a frame.
Tua profissão é se doer pelas moças que vão e não vem
em tua carteira de trabalho abundam filosofias vãs...
O que fará agora sem ter como sobreviver?
Ah poeta
partícula substancial de memória
mundo inabitável que telescópio ou
microscópio nenhum lança o olho re-velador:
o que te roubou de tua sede?
Experiências não há mais em tua vida
o tempo da solidão (tão necessário)
não há mais!
As memórias se esgotaram
amantes não podem mais haver
a Lapa...
a Lapa agora é só uma desalmada
estampa em uma camiseta.
Não há mais nada em tua vida que
se possa habitar de poesia e
talvez agonize aqui
no corpo deste poema
os últimos versos que tu escreverá na vida.
Precisará poeta
daqui pra frente
buscar a religião ou
a auto-ajuda ou
as drogas ou
o suicídio...
Porque lhe parece que a poesia já
não quererá mais ser o seu modo de
se salvar do mundo.
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Um comentário:
Boa noite,
Desculpe minha intromissão.
Achei muito bom o seu texto, fiquei intrigado por conseguir achar algum pensamento parecido com o meu.
Mesmo com pouco feedback você continua a postar, me deixou mais intrigado.
Gostei dos posts, mais intrigado ainda!
Por favor continue com seu belo trabalho.
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