Para Ingrid
as pessoas vem e vão
apressadas e os carros
correm enquanto as
lojas crepitam e só
nos dois sabemos
do sol morno dessa
manhã de sexta-feira
caminhamos asfixiados
pelas sombras dos
prédios e sentimos
luto pelas
casas que morrem
mas o almoço chega
e é lento menos
pros trabalhadores
que nos cercam:
eles tem relógios mas
nós dois desfazemos
ponteiros dentro da
claridade do dia
sentados no parque
- de barriga cheia -
sob as árvores sonolentas
converso com os
vestígios de sol ao
mesmo tempo que
vejo você soltar seus
elefantes na avenida
para que possam
esmagar cotidianos
você me mostra
livrarias que nunca fui
te compro um livro e
você rói a barra da
tarde folheando
um schiele
enquanto digo que o
ideal seria a vida vadia
assim todos os
dias e com isso te
faço sorrir (as covinhas
que são tão você nas
fotografias) e a contração
das tuas bochechas faz
o mesmo som que faz
a manhã quando nasce
2 comentários:
Foi um dia especial.
"nos dois sabemos
do sol morno dessa
manhã de sexta-feira."
"...sentimos
luto pelas
casas que morrem."
"nós dois desfazemos
ponteiros dentro da
claridade do dia."
"vejo você soltar seus
elefantes na avenida
para que possam
esmagar cotidianos."
"a contração
das tuas bochechas faz
o mesmo som que faz
a manhã quando nasce."
onde há amor
há metáforas... sempre soube.
beijos, Kavita!
uma alegria te ler.
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