sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

trilogia do carnaval


I
schwarz damiel

fantasiado de anjo não
tenho nem de longe a
elegância de bruno
ganz naquele filme alemão

mas se tenho uma
trapezista no pensamento
o carnaval do rio vira
inverno em berlim?



II
mãe de júpiter

os teus olhos desertavam o mercúrio e o neon encontra-los na multidão foi achar a gema no leito do rio que corre e fazer da tua timidez a matéria indestrutível do carbono de onde eu via teu sorriso adamantino girando translúcido e cada face do cristal multiplicando teu rosto infinitamente nos espaços estreitos da minha coragem e o brilho da lua refletindo nas serpentinas e colorindo os teus dentes que se aproximavam do meu sorriso amarelado de tetraciclina e num encontro que o bloco inteiro aplaudiu a refração da luz alisando os teus vértices de diamante tornou aquele beijo numa multifacetada eternidade que ainda ecoa alegre pelos cantos empoeirados dos lugares sem carnaval 


III

olhos de bruce lee

quem a veria
e a fixaria
além de mim com esse
sentido de nostalgia do
que não houve?

quem a veria
e a sentiria
além de mim e teria
saudades da chuva nas
ruas de tóquio e da
cor do alvorecer nas
praças cálidas de pequim?



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