quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Um Último Respiro


Nem posso lembrar da última vez que choveu assim,
com tanta fúria, com tanta paixão.
No flash dos relâmpagos vejo a imagem dela se fixar
na superfície da chuva,
o som do trovão é o estrondo que faz a imagem dela
ao se inscrever por um átimo de segundo na carne da noite.
Sempre lembrarei dela nos dias frios,
na pele dela fria,
naquele algo glacial que não sabia explicar nela.
E o frio que nasceu de repente aviva a lembrança
de que essa semana esbarrei com ela...
De quando eu a vi atravessando a rua,
rápida e desatenta como é de seu costume,
magrinha, mas com sua presença imensa
perceptível em todas as coisas da rua,
uma cor clara, uma outra luz,
fluindo entre os faróis e os postes da noite suburbana.
Esperei os poucos segundos que nos separavam,
como quem espera dormente nas horas:
-Louise?
-Oi, tudo bem?

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