sábado, 3 de setembro de 2011

Balada Pop para uma Garota Chilena


Nessa manhã acrílica lembrei
dela ali
na estação nova do Méier
o cabelo dessa vez descolorido
as retinas estouradas de tanto trilho de trem.

Ela tinha um MP3 no ouvido e
o mesmo perfume de mal-gosto de oito anos atrás:
aquele que ficava três dias nos meus
braços desrespeitando solidões.

Naquele dia
ela me esperava disfarçando calma como
que já pressentisse a inversão do tabuleiro:
ao tentar me prender novamente
em sua teia
ela se decepcionou ao ver que eu havia
me tornado uma mosquinha esperta demais:
nos oito anos de intervalo entre nós dois
eu fui treinar em alguns bares
puteiros
e casas de família:
outras vagabundas haviam me ensinado como jogar.

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