"Como se tudo que eu possuísse tivesse me deixado, e como se nada pudesse ser o bastante caso retornasse..." (Kafka)
sábado, 3 de setembro de 2011
Cleópatra
O que pensa a mulher-serpente quando
caminha com seu copo na mão?
O seu andar esguio enfeitiça
como a flauta do encantador de najas.
Como conhecer a satisfação que ela tem
quando sorri viperinamente ao perceber
que meu olho é dela ali?
Mas o maior mistério é imaginar
o que esconde debaixo da saia
a mulher-serpente:
uma cauda sibilina de escamas brilhantes
ou
serão duas estreitas coxas (estreitas
como ela toda)onde em ataque
ela deixa escorrer ofídico veneno-antídoto?
E
daria um dia inteiro
- se qualquer dia fosse meu -
para ter suas presas cravadas
a carícia de sua língua bífida
pelas veias latejantes da minha geografia.
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