"Como se tudo que eu possuísse tivesse me deixado, e como se nada pudesse ser o bastante caso retornasse..." (Kafka)
domingo, 25 de março de 2012
Rito de Solitude nº 2
Os solitários tomam café da manhã no
bar mais sujo que encontram.
Desencaixotar as coisas que ela
encaixotou tão cuidadosamente
voltar a preencher o antigo quarto é
um ritual de exercício da dor.
Cada coisa volta a seu lugar
sua gaveta sua prateleira:
menos a vida.
A vida não vem de volta nas caixas
a vida se esquece no outro bairro
nas outras salas
em outra cama
ainda tentando rasgar o halo fino que
separa um corpo do outro corpo.
O cinema agora é um mundo estranho e
no rádio a música que toca diz que
ela vai ser feliz verdadeiramente
estando a salvo de tudo o que sou eu.
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