segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

philadelphia woman


tenho você nas primeiras
ondulações da manhã
na tela negra dos sonhos em
milhares de pontos de
led multicoloridos
(como poeira estelar)

na cinelândia noturna te
tenho entre fotografias e
na evaristo da veiga seu
riso frouxo correndo até
a curvatura dos arcos

no caos das imagens te
lembro e me esqueço
da anarquia do cinema

teu sotaque
teu modo de escrever
mezzo português
mezzo castelhano e
tua carne glacial que
por baixo da pele aqueço
com mãos e lábios

no cais do porto no
metrô da carioca é você
que me leva pelas mãos

dentro dos quadros de
eliseu visconti nos salões
iluminados dos museus a
tua silhueta minguada
no chiaroescuro

na copacabana noturna na
miguel de lemos os
teus olhos verdes claros
entre os postes nas
propagandas acesas dos
pontos de ônibus: teus olhos
acesos como punhos delicados
esverdeando através dos meus

preso as suas horas
esperando minuto a
minuto por cada
encontro onde cada vez
mais você desconstruirá hollywood
e usará essa sua arte ilógica
de sempre me mandar de
volta pra casa com frio: e
no entanto lá vou eu
atravessando as ruas suburbanas
no meio do dia útil
- chapéu de banda
poemas no coração
mulheres na história –
pra te encontrar e me sentir
o grande e último
latin lover da face da terra



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