tenho você nas primeiras
ondulações da manhã
na tela negra dos sonhos em
milhares de pontos de
led multicoloridos
(como poeira estelar)
na cinelândia noturna te
tenho entre fotografias e
na evaristo da veiga seu
riso frouxo correndo até
a curvatura dos arcos
no caos das imagens te
lembro e me esqueço
da anarquia do cinema
teu sotaque
teu modo de escrever
mezzo português
mezzo castelhano e
tua carne glacial que
por baixo da pele aqueço
com mãos e lábios
no cais do porto no
metrô da carioca é você
que me leva pelas mãos
dentro dos quadros de
eliseu visconti nos salões
iluminados dos museus a
tua silhueta minguada
no chiaroescuro
na copacabana noturna na
miguel de lemos os
teus olhos verdes claros
entre os postes nas
propagandas acesas dos
pontos de ônibus: teus olhos
acesos como punhos delicados
esverdeando através dos meus
preso as suas horas
esperando minuto a
minuto por cada
encontro onde cada vez
mais você desconstruirá hollywood
e usará essa sua arte ilógica
de sempre me mandar de
volta pra casa com frio: e
no entanto lá vou eu
atravessando as ruas suburbanas
no meio do dia útil
- chapéu de banda
poemas no coração
mulheres na história –
pra te encontrar e me sentir
o grande e último
latin lover da face da terra
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