“de que adianta vários portos
pra um barco sem âncora?”
você me perguntou sem me olhar
“você é excepcional em desfazer
todos os laços possíveis”
essas sentenças foram epifanias
de onde eu via cada nuvem passar
sobre você: tudo se tornou tão
nítido naquela hora
teus olhos egípcios voltaram a champs-élysées
(quem sou eu para competir com paris!)
e fiquei aqui morrendo de fome da
impiedade crua das tuas unhas mal pintadas
naufragando sempre em outros cais
através das madrugadas lentas
vou lendo teus bilhetes em francês
esperando o efeito de mais um rivotril
Um comentário:
"Naufragando sempre em outros cais", fiquei encantado com este verso.
A atmosfera do poema na deriva
com essa rapidez nos desenlaces - como seguindo o movimento triste e rápido de uma flauta.
Muito bom
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