como se fosse uma fotografia,
toma em tuas mãos as dimensionalidades
do dia: amassa-o, rasga-o, e joga fora.
depois daqui jovem poeta, talvez,
eu pare de te assustar.
cultiva tuas desatenções nos
desertos do meu desejo,
eu, esta terra desolada de ti, esta
solidão sem nome e profundidade.
tu, apenas tu, que deitada sobre
a pedra, sob a sombra dos canhões,
diz ver o céu mais próximo do teu corpo-praia,
sem notar o poeta mais velho admirando
teus pés brancos fincados sobre o chão
escuro como minha própria carne.
olha, meu coração é frágil como um
filhote de gato, como um beijo de boa noite,
e a ausência do teu mais fugaz olhar,
o esconder-se do mais ligeiro toque
do suor das tuas mãos pequenas,
o coloca em apnéia.
tu que, ao dormir com a cabeça em
meu colo, não soube que ali, aquela hora,
afagaria teus cabelos até pôr estes dedos
em carne viva,
pois que nada (nem mesmo a noite
de verão em copacabana) tem
o teu rosto tão bonito.
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