as 5:29 da manhã,
a foto onde tu expões tuas clavículas
sob a primeira luz,
cruza sobre os prédios como um raio
e parte ao meio a existência da madrugada.
ponho-me pequeno diante tuas tristezas:
uma gota contra todas as correntezas do mundo.
e dedico as horas assim,
neste trabalho de dor,
atirando em ti as flechas que arranquei
do próprio colo, para ter de vê-la
congelá-las em pleno ar...
coloco-me em saudade dos teus seios,
estes oceanos para onde traio meus navios,
os enviando para a certeza do naufrágio
(no entanto, navegar os lábios pelos teus
ombros, pelas tuas omoplatas e coluna,
é uma silenciosa tentativa de fazê-los resistir).
e já nos afazeres da manhã partida,
encontro teus cabelos nas roupas pra lavar:
fios de inverno no dentro do verão.
pondo o lixo pra fora olho o céu absurdo
e creio na impossibilidade de continuar ateu:
tu não sabe jovem poeta,
mas no território das nossas noites eu vi
brotarem terríveis e magníficos deuses
de cada parte do teu corpo.
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