domingo, 26 de janeiro de 2014

hotel marina

queria ao menos destes dias,
um diamante, uma pedra que seja.
uma pedra com a forma destes dias,
com a textura destes dias,
com o peso, com o cheiro destes dias.
para que ao exibi-la pelos bares,
nos salões, pela ruas do centro,
todos pudessem contemplar nossas horas
e dizer maravilhados:
“então além de poemas este kavita kavita
é capaz de criar dias de paixão assim?”
e então você não seria mais a sombra
e uma brisa, você dissiparia seus medos
na chuva das pequenas fotografias.

um primeiro abraço sob a luz fria do metrô,
o rápido por do sol sangrando a praia e tuas clavículas,
teu corpo nu entre as cortinas amanhecidas,
teu sono de criança sobre o meu colo:
este poema sou eu, a caixa de imagens, um relicário.

quando eu morrer estes instantes
se extinguirão de qualquer memória,
mas estes versos ainda resistirão
nas páginas de um livro, inscritos
em algum lugar, onde as gerações futuras
poderão lê-los e saber que poucas
coisas na face da terra puderam ser tão
cruelmente delicadas do que te ver
sorridente, com aquele vestido verde,
descendo lentamente as escadas do prédio.

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