domingo, 15 de novembro de 2009

Lughnasadh


O verão apenas se anuncia através do
calor insuportável de Novembro
mas ele grita já aqui dentro da minha
vontade o seu chamado às armas.
Tudo reluz sob o céu e a cidade ganha outras cores
tudo é desejo de azul...

O mar dos fins de semana e os calçadões
o sol das manhãs pelas ruas do subúrbio
e essas mulheres tão meninas e as
meninas tão mulheres e seus vestidos leves e
seus shortinhos e seus óculos escuros e
suas tatuagens meio exibidas
desfilando imponentes dentro da claridade das horas
essas mesmas horas que me convidam as
praias e as cervejas e as mesas de bar com os amigos.

Mas o que distingue o verão é o segredo que esconde:
todas as coisas só servem para trazerem
em si guardada a eletricidade do carnaval.
Cada passo e sorriso e embriaguez e sexo
é uma caminhada para fevereiro:
tempo de alegria e de saudades
tempo onde absolutamente nada nos mata.

O verão é a época das libações ao deus Corpo
-esta única e última divindade verdadeira-
e já escuto se erguer aos poucos o
altar das sensações e dos sentidos
onde celebrarei com música e poesia
toda essa a alegria angustiada e desmedida
de ser como Dionísio entusiasmado.

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