Na minha casa tudo anda triste.
Tudo o que a forma vai se desfazer.
Como pode alguém antes dos 30
já sentir falta da juventude?
Nas fotografias antigas
(mas nem tão antigas assim)
o meu rosto era bem mais bonito
era tudo viagem e praia
e amigos sorrindo sob o sol e
os vestígios ao longo do dia das
amantes que iam embora pela manhã
(cedo aprendi que as melhores amantes
são as que vão embora pela manhã).
Mas tudo talvez porque é junho:
essa paleta de cores frias
essas paisagens inexatas
e
essa saudade do dentro de fevereiro.
É junho:
quando tudo é solidão de
areia de deserto
quando todas as coisas do mundo
querem estar sós.
É junho sim...
e somente nesses dias foscos
que
navegando no contrário dessas horas
eu posso me debruçar sobre
um pedaço de papel e
escrevendo poemas que não
valem um centavo
realizar a maior das resistências.
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