fincou os pés no verão e fez
da estação o território da tua presença:
na cor de sangue do fim de domingo
escorrendo sobre os dois irmãos,
nas horas de literatura (a filosofia do amor):
no grande e no pequeno tudo és tu.
tua presença és isto ainda:
teu cheiro misturado ao óleo diesel
das ruas claras, teu cheiro naufragando
entre uma onda e outra dos lençóis recém lavados:
no infinito e no ínfimo tu estás.
e nestas ilhas de espera, dentro do
intervalo que se abre quando não estás ,
fugir das horas que insistem em gravitar
a volta do desejo do teu umbigo:
qual o afazer mais digno do que
levitar o pó destes livros,
sentir saudades tarde adentro e,
ao anoitecer, me abrigar de ti e esse teu
estranho vício de atear fogo em satélites?
eu, que nas noites acesas de janeiro,
te habitei no escuro, e não soube mais voltar:
pois que tuas clavículas são a coisa mais bonita da praia,
tuas omoplatas a coisa mais bonita da festa,
mas é sobretudo o teu rosto que me acalma, como o
sol acalma a varanda numa manhã sem trabalho.
Nenhum comentário:
Postar um comentário