longe de casa numa chuvosa
madrugada de
sexta-feira
neste hotel de quinta:
a televisão ligada
horas adentro
(filmes mudos,
pornografia),
e as paredes mofadas
secretando
um abismo lento que
escorre
sobre os móveis
antigos.
o frio, a lembrança almiscarada
das mulheres de
cachecol e botas
que vi pela rua mais
cedo,
uma sensação de
estar disperso,
melancolicamente, na
existência
das coisas.
de olhos postos sobre
o cinzeiro vazio
(o nome do hotel já se
apagando),
pra quem nunca fumou,
um desejo
de cigarro, duma
garrafa de vinho:
quem sabe assim se
sentir o derradeiro
poeta romântico
comungando com o fim.
tudo conspira para que
se viva de
forma acesa a experiência
desta solidão.
(teresópolis,
09 de maio de 2014)
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