sábado, 15 de janeiro de 2011

Diálogo Amoroso


I
Rua do Riachuelo às 5 da tarde
teu ar já é de uma densidade outra
mas os homens de terno e celulares
os mercados os bazares abertos
não te dizem.
Te dirá a noite e teus boêmios
os chapados e os suicidas
os notívagos indo e vindo da Lapa
te dirão os poetas e os transexuais
ó Rua do Riachuelo!
Eu te direi em cada sílaba ao
longo do caminho
cada letra será uma estrela fria no
céu da minha boca.
E iremos juntos assim nos anoitecendo.

II
E na Lapa foi onde eu me
esqueci junto com toda minha substância
tuas esquinas de cerveja e urina já
nem devem lembrar mais do meu rosto.
Sob a luz fria dos teus arcos eu
era um flaneur furioso
um melancólico um maldito
um decadent:
eu era um Baudelaire suburbano
embriagado de vinho e poesia
embriagado pelos afetos em escala industrial
que secretavam tuas meninas.
Este poema é pra te dizer Lapa
que ando te desejando a cada sono
teus carnavais
tuas madrugadas de poste e chuva
mas te troquei por uma vida de amor...
e o amor Lapita my darling
você sabe
nunca aprendeu a respeitar paixões.

Um comentário:

Joana Rabelo disse...

Kavita kavita.... Isso é gigante.