terça-feira, 13 de novembro de 2012

spleen



escrevo esse poema
no banheiro
há plantas na janela:
o sol faz força pra entrar

no banheiro agora
é sempre fim de tarde

lá fora (do outro
lado do vidro atrás
das plantas) um motor
guincha e assovia: um
trator revira a terra
sem nenhum carinho

quando ele para
permanece o tic tac
do relógio da cozinha
em descompasso
com o pulsar das horas
súbitas

não há nenhum
sentimento aqui agora
nem amor nem nada
só essa sensação de
peixe em aquário
redondo achando
que o olho do gato
que o espreita é
uma lua bonita

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