trago nos olhos o olhar de todos os cães de rua do
bairro, asilo no peito os vagabundos, os depressivos.
mulheres se perderam na água parada dos dias,
os jovens casais voltando do supermercado:
eu vivo a cor de um deserto que não cessa de se recriar.
é sábado a noite, a chuva ainda agora parou,
resta o silêncio que move o motor do ventilador.
e ainda teus rastros cindindo veios em brasa
pelas estruturas do
apartamento, a planta
da área de serviço ressecada de tanta sede.
e ainda as gavetas como bocas escancaradas
bafejando o invencível cheiro de amaciante e lycra
das tuas roupas íntimas que ali se entricheiraram.
videogames, cinema francês, monografias:
resiste a tudo a imagem da tua faca entre os dentes,
das tuas unhas dolorosamente pintadas dentre as grades do
portão.
hoje o amor é esse feijão que cozinha na panela.
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