sábado, 18 de outubro de 2008

Luna


“Quando Ismália enlouqueceu,
Pôs-se na torre a sonhar...
Viu uma lua no céu,
Viu outra lua no mar.”
-Alphonsus de Guimarães, Ismália


Espelho solar...
Lua etérea de halo ferrugem,
lua da minha infância nos quintais de minha avó.
Luz azulada das minhas nostalgias
dos portões do paraíso nordestino,
cor do sublime assombro dos oratórios barrocos.
Vigia da madrugada embriagada,
das ruas sonolentas e das esquinas indizíveis.
Círculo perfeito que não se vê com a janela fechada,
beleza que entre os lençóis molhados dos varais
minha metade me aponta.
Lua do quadrado luminoso no centro do quarto,
bola de cristal onde os poetas vaticinam o futuro.
Holofote do palco onde o espetáculo
só acontece atrás das cortinas,
farol que guia os lobos,
que revira sentimentos em amantes e licantropos.
Luminária redonda no teto do mundo,
bola de gude rolando no veludo escuro.
Rosácea da fachada celeste,
vitral rosa-bebê remexendo as marés.
Olho chorando prata nos lugares
por onde pára o meu amor,
lua vermelha que entre as frestas da cozinha anoitecida
traz de volta a paz do sorriso da Fernanda.

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