segunda-feira, 25 de maio de 2009

Segundas


Hoje eu pensei que esse ano,
depois que o carnaval acabou,
parece que a vida anda estagnada.
Essa segunda-feira me apareceu descolorida e lenta,
os barracos sobre a linha de trem planavam,
soltos no ar, leves e desabitados.
Os meus olhos indecisos entre a bunda da advogada,
ou o seu gesto de levar o cigarro à boca,
só encontram desinteresse no vermelho irreal
das bochechas da adolescente no ônibus do lado.

E agora aqui, do alto do prédio,
eu vejo lá embaixo o movimento veloz,
mas que não chega aqui em cima,
o movimento que não vem até mim e não me toma.
Lá embaixo pulsa tudo quanto é pensamento e preocupação,
tudo quanto é amor e ódio...
pelas ruas do Centro concorre tudo que é rápido e lento,
o perfume da secretária abraçado ao cheiro do indigente
que dorme sobre a essência de um milhão de mijos.

Tudo vive e morre,
de segunda a sexta,
entre a Cidade Nova e a Praça XV,
durante o horário comercial.

Nenhum comentário: