segunda-feira, 12 de julho de 2010

Estação 422


Quando Samantha
abria as pernas e me forçava
a encarar o desabrochar da sua rosa
eu me encolhia todo como sob
o jugo do olhar lacrimoso de
uma deusa raivosa.

E quando no ouvido ela
me sussurrava:
“vem meu preto
fode gostoso a sua branca”
eu morria de medo que ela
me despisse não das roupas mas
do meu íntimo inteiro...
um pavor agudo que ela soubesse
antes de mim mesmo
quem era eu de verdade.

É que ali
naquele cubículo sem janela e ventilador
eu era um garoto indefeso diante
de uma gigantesca esfinge ao avesso:
a vagina da Samantha
com seu hálito agridoce de gozo e urina
me fazia sempre uma ameaça velada:
“devora-me ou te decifro!”

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