terça-feira, 28 de setembro de 2010

O Retorno de Saturno



Então é setembro:
o frescor das flores
na chegada da Primavera e
o dia do meu nascimento.

Alguns sentiriam nisso algum
senso de beleza
mas eu digo que nasci num
dia de Sol negro.
Desde criança as pessoas enxergam
em mim um semblante preocupado
os olhos (atrás dos óculos) injetados
de melancolia.

(O mp3 me faz concordar piamente
com Belchior contrariando Caetano:
“Nada é divino
Nada é maravilhoso!”)

Sob o sol desta manhã (uma
manhã perdida do Méier) eu
carrego um grande desencanto
cada fibra se agride de saudades
cada célula se atrita de desejo
(saudade é um desejo no tempo inverso).

E enquanto penso na vida
(enquanto caminho entre coisas que
se movem e as que não)
vou me sentindo um Nerval desatinado
pelas esquinas do subúrbio.

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