
Abro um livro de história da arte
e teus olhos que iluminaram toda
a fotografia de Nadar
lançam essa luz de sol que rasga
o escuro do quarto inteiro.
Olho pela janela e te imagino caminhando
por estas ruas cariocas como o
fazia pelas passagens parisienses:
com a sua altivez de dez mil musas.
E então eu me curvaria perante ti
-prostrado de tua beleza-
e escreveria um outro poema que
não este simplório:
um poema onde só tua visão viva poderia
como um raio
terrivelmente me atingir
(como fez a Mucha a Toulouse Lautrec
a Grasset a Clairin aos Nadar pai e filho).
E talvez fosse apenas mais uma dentre
cem obras que levam o teu nome...
Mas seria um poema tão sublimado
que se tu o quisesses mademoiselle Bernhadt
poderia repousar o fogo inquietos dos
teus cabelos (e assim infiltrar seus fios
vermelhos) entre as almofadas daqueles versos.
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