sábado, 3 de setembro de 2011

Cleópatra


O que pensa a mulher-serpente quando
caminha com seu copo na mão?
O seu andar esguio enfeitiça
como a flauta do encantador de najas.

Como conhecer a satisfação que ela tem
quando sorri viperinamente ao perceber
que meu olho é dela ali?

Mas o maior mistério é imaginar
o que esconde debaixo da saia
a mulher-serpente:
uma cauda sibilina de escamas brilhantes
ou
serão duas estreitas coxas (estreitas
como ela toda)onde em ataque
ela deixa escorrer ofídico veneno-antídoto?

E
daria um dia inteiro
- se qualquer dia fosse meu -
para ter suas presas cravadas
a carícia de sua língua bífida
pelas veias latejantes da minha geografia.

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