terça-feira, 20 de setembro de 2011

Sonho


I
A claridade através das cortinas ganha
corpo vagarosamente.
São cinco horas da manhã e
acordei terrificado de um sonho bom.
Onde tive novamente teus cabelos alquímicos
tremeluzindo na inconstância da manhã
onde a separação dos teus lábios fechados era
um fio que se abria a todo momento para
fazer nascer para a visão os
teus dentes pequenos.
Acordado me agarro aos últimos vestígios da
tua substância onírica mas a
claridade me impõe inelutavelmente que
minha realidade inteira já não é mais
a morada da tua presença.

II
Era um sonho só.
E o que importa esse sonho se
já é quase hora de ir trabalhar?
Logo ele vai escoar vagarosamente no café da manhã
entre o trânsito sonolento
entre contas atrasadas e
outras bundas que passam nas calçadas
até que ao meio-dia já não reste quase nada dele...
Vou almoçar sossegado porque do
teu cabelo alquímico
dos teus dentes pequenos
ao meio-dia
não restará mais quase nada.
Não restará quase nada além disso que
fulge fracamente quase sem existir
mas que
-em todos os dias que correm-
trago comigo na
memória violenta de cada amanhecer.

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