sábado, 6 de setembro de 2008

Munch


Existem dias em que algo quer compreender
o mundo em mim.
Existem dias em que choro baixinho
só p’ra preencher qualquer fragmento de silêncio
de um dia calado.
E tem esse estranho hospedado em meu corpo,
que só sabe bater e nem se dá conta do porquê,
essa coisa dolorida que é tão maior que eu,
que tenho que ir pelo mundo a doando em grandes pedaços,
na vã esperança de tornar o peito mais leve.
Pedaços!
Pedaços.
Pedaços...
Despedaçados...
Como são despedaçadas as cinzentas horas
imersas nessas ausências inauditas,
destroçando brutalmente com estas flébeis mãos
os dias de Sol.
Despetalando delicadamente,
com as pontas destes dedos magros,
os dias de chuva.

Aspiro dos meus braços o perfume enjoado
de uma flor maldita,
que só fez invernia no calor incansável do Verão.
Lembro em dissabor da sua boca que marcou neste corpo roto
a tatuagem mais dolorosa:
a marca do seu batom vermelho como o sangue de um deus!
Essa marca tão efêmera,
mas que imprimiu p’ra sempre em mim
uma ânsia imorredoura.

Mas quer saber de uma coisa?
Já basta!
Basta de lhe dizer coisas belas e doloridas!
Basta de lhe dizer palavras que só fazem sentido aos meus sentidos!
Vou me exilar dela!
Procurarei em cada fresta,
cada canto,
cada buraco,
uma dor p’ra minha dor!
Um grito p’ro meu grito!





Onde está o grito?

...

...

...
















Ela se aproximou devagarzinho
e o silenciou com o açaí nos seus lábios...

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