segunda-feira, 9 de abril de 2012

In Nomine


Às cinco da tarde desse
dia preto eu soube que minha
última avó não viu o
alvorecer destas horas de chuva.
E ali está o meu pai
homem forte do Maranhão (terra de
Gullar terra do romântico Gonçalves)
vergado sob o peso do desacontecimento.

Meu pai homem forte
que nunca leu um livro na vida
mas que
aparando o sol na cabeça
suportando o mundo nos ombros
pagou todos o que eu li.
Meu pai homem forte que
sozinho ergueu casas e se
dedicou ao amor de minha mãe
meu pai cujas rugas denunciam mais
os sacrifícios do que a idade
assisto se desesperar timidamente (tímido
como sempre foi) pela partida de minha avó.

Seu Luis
homem altivo
queria tristemente te dizer que sou teu
filho mas no entanto não poderei te
honrar pois esse ofício de fazer versos nunca
me trará nem uma mínima parte da
nobreza que tu carregas nos calos das mãos.

Rio de janeiro, 09 de abril de 2012.

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