domingo, 15 de abril de 2012

Oncidiuns Partidos



E as luzes do meu bairro
Parecem te chamar de volta

-Harmada


De que adianta agora as
manhãs de Cascadura as
ruas noturnas do Humaitá se
não tenho mais a capacidade de
voltar a ser nada?
A cidade me escapou suave entre
as cortinas e cada dia que
acorda não promete nada e
nada traz a não ser
esse abandono tão clichê.

Não há vida na solidão fora nós como
não há dia no abismo entre outras mãos
e o coração se descobre (não sem dor)
que realmente é um só.

Alvorecer em Madureira
madrugar no Aterro
Sofia Coppola roendo as horas dos
dias mortos e passei uma semana inteira
terrivelmente doente e esperando
indiferente
a morte chegar.
E senti sua ausência (e achei que
era a morte) em cada canto de mundo
me pondo contra as cordas
esmurrando minha cara meu baço meu peito
me sangrando a lona inteira.

Talvez a cerveja a faça
realmente feliz.
Ou a salve.
Talvez a cerveja seja uma
boa substituta para a poesia mas
nisso ela tem a vantagem: a
cerveja esquece a poesia relembra...

Bem
um dia desses
no sono irrequieto do calor absurdo
da tarde eu sonhei com nosso filho:
eu entristeci mais um pouco e
emagreci 3 quilos enquanto ela se
olhou no espelho e sorriu
sem mim e feliz
com sua Long Neck gelada e seus
lindos vermelhos cabelos cortados.

Um comentário:

Dom Quixote disse...

"...Bem
um dia desses
no sono irrequieto do calor absurdo
da tarde eu sonhei com nosso filho:..."


brilhinho de jabuticaba no olhar pequenino
sorriso de longa alegria
narizinho de monteiro lobato
na Cabeça caracóis supostamente de Roberto, cantados por Caetano;

No corpo dança leveza
Na alma transborda doçura.

Na pele o encontro de nós dois:

Café com leite.

Com pezinhos de lama e mãos de tinta;

Nossa pequena estrelinha com nome de astro,

Nossa Lua

Talvez tenha sido só minha...

e no fim ...

Nem minha foi.



(com vc eu sonhava até acordada)
Para Ana Lua.