sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Madeleine



Ela tem cara de casarão.

Desses de escada que range sob
a luz fraca afogada pelo
cheiro de mofo e madeira.

Ela se veste como uma tipografia
art-noveau de aço sobre uma portaria
com grade sanfonada.

Seus cabelos parecem roupas
no varal de um dia num pátio
úmido depois da noite de chuva.

Ela tem corpo de quarto quando amanhece
a primeira luz batendo
recendendo a colônia dos móveis coloniais.

Ela é linda.
Ela tem cara de casarão.

E cada gesto dela é repleto de memória.

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