quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Manifesto Surrealista de 1924



Ou
teu corpo fino à contraluz
abrindo as janelas de
madeira e delineando sua silhueta o
sol que banha as pedras portuguesas o
casario os trilhos do bonde os
liquens após a noite de chuva em
Santa Teresa

ou
tua cara de sono a camisola de
seda cinza num apartamento de
Copacabana sob a luz alaranjada dos
abajures que cinge os cristais o tictac do
relógio de corda europeu enquanto um
ou outro motor morde a madrugada na
Siqueira Campos

ou
talvez tudo isso seja apenas um
sutil devaneio num banco de
espera do metrô da Linha Um.

Nenhum comentário: