domingo, 28 de abril de 2013

análise iconográfica de um retrovisor de ônibus


teu rosto enquadrado no
canto inferior direito do
espelho nítida a tua blusa
azul no mesmo tom da
cortina do motorista os
olhos lagos de ferrugem
congelados no horizonte que
não se mostra enquanto a
primeira luz da manhã sobre
a lagoa delineia incandescente
a curva da tua face direita
alheia aos riscos coloridos dos
carros que entram e saem
dos teus cabelos eurocêntricos

pensei em fazer uma fotografia
mas já não seria esse poema
uma imagem retida pra sempre?

Um comentário:

Edimarcio Medeiros disse...

sempre... impecável. Coisa linda.