terça-feira, 2 de junho de 2009

Buda e o Lótus


O Verdadeiro amor nasce do profundo conhecimento das coisas amadas.
-Leonardo da Vinci

Solitária flor do tamanho
de uma palma de mão aberta
me encara balançando no
ritmo da brisa e
enquanto a observo por um
instante também sou a flor então.

Sentado ao sol desse quintal
entre flores e borboletas
(sendo as flores e as borboletas)
eu vejo a Fernanda no fundo
na sombra fazendo uma xilo e
vou desejando uma caneta e
um papel para escrever
qualquer coisa assim morna
assim tépida e calma como essa hora...

Mas ela se levanta e vem
flanando na minha direção
(leve e lenta como a manhã)
e sob o sol desse quintal
me dá um beijo e passa e
volta com um bloco e
uma caneta e um sorriso quase
mais claro que o sol:

-Um poeta tão calado não
pode ficar sem escrever!

E mais que o poeta que quando
enxerga e contempla se torna a
flor e a borboleta e o sol e o quintal
a Fernanda me mostra que só o
seu amor revela verdadeiramente
a unidade das coisas
e é só o amor que nos faz viver na
essência última do objeto amado.

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