terça-feira, 28 de julho de 2009

Ex-nihilo


No banco do ônibus me amanheceu uma vontade de sono,
de um sono estranho, que nem deveria existir,
mas que nascia na força das coisas vãs,
na sensação constante de inutilidade.
Nessa época de volta às aulas,
a consistência do marasmo cotidiano só é partida
quando meu entorpecimento se rompe no desejo das pernas da normalista,
nos seios ainda imberbes da menina do Pedro II...

Para pagar a passagem, de dentro da carteira,

entre flyers de desconto em motéis e puteiros,
eu saco a última nota de um medíocre salário,
esse prêmio recebido por um mês inteiro de tédio suado,
um fútil consolo por trinta dias de não-realizações.

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