segunda-feira, 20 de julho de 2009

Lapa


As luzes pulsam jogando prata e
laranja sobre a grande babilônia.

O vinho é amargo e sempre entorna
quando o efeito dele faz constatar que
a Terra gira realmente.

Os travestis olham os caras esperando
por um chamado que não virá
e eu vejo que o olhar deles é o
mesmo olhar que esses caras lançam
p’ras meninas universitárias que
passam flanando de um lado a outro da pista.

Na madrugada os postes acendem os
paralelepípedos molhados:
na rua da Lapa às vezes chove...
na Joaquim Silva às vezes um amor
que a Mem de Sá deixa p’ra trás...
e entre um riso e outro
uma saudade e mais outra
tem lugar alguma filosofia de bar.

E ali
bem no meio de tudo
entre os amigos e o movimento
o poeta Luis morrendo de amor entre
a sombra e o cheiro de mijo
dos arcos descascados.

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