segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Reveillon


Nada aqui diz o fim do ano
nem o néon e os pisca-piscas
nas poças de temporal
nem esta melancolia natalina
essa nostalgia da neve que nunca vi.

Mas me demove a presença sublimada
(e o sorriso que recebo)
da amiga de uma amiga
e o olhar do vira-lata perdido na
chuva me pedindo que o leve...

Entretanto nem isso me desvela:
só o clarão de raio no escuro da
cama me impõe a duplicidade de
me saber um só corpo e no entanto ter
sido sempre eu e você ao mesmo tempo
pesando sobre o colchão.

Vontade mesmo de um lugar longe
de qualquer de festejo
(a impossibilidade de uma praia de silêncio):
porque sei que os fogos rosáceos se expandindo
silenciosos contra o fundo escuro da noite
parecerão todos flores desabrochando
(rasgando)
a negra superfície da minha pele.

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