sexta-feira, 9 de abril de 2010

Tlatoc


No sol eu quase posso esquecer.
Mas sob a chuva
cada gota te grita na memória e
essa boca que grita se escancara também
para devorar as horas da madrugada.

Eu invoco o relâmpago e
me disperso em átomos
viajando no tempo do clarão
até o lugar onde essa hora
a chuva não te molha
onde você tece instantes em
que nem lembra mais que eu
já fui um deus da chuva.

Daqui a pouco vai ser manhã límpida
e eu poderei ser feliz novamente
(mesmo sem você).
Porque é no azul sereno de uma
manhã despida da noite do temporal
que eu e o mundo nos sabemos sem morte.

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